No primeiro domingo depois de Pentecostes, a Igreja Católica celebra solenemente o Mistério da Santíssima Trindade. É dia de contemplarmos profundamente a realidade central da nossa fé, manifestando publicamente que acreditamos no Deus que se revelou ao longo da história de Israel como Pai, Filho e Espírito Santo. É um só Deus em três Pessoas, que agem unidas, mantendo sua qualidade própria: Pai criador, Filho redentor e Espírito Santo santificador.
Como isso se dá é um tanto misterioso, mas não impossível de entender. O Espírito Santo, prometido por Jesus e derramado sobre os Apóstolos reunidos com Maria no cenáculo, atua na Igreja e ilumina as pessoas na compreensão dos mistérios da nossa fé e na consequente adesão do coração.
Para nós, cristãos, o “mistério trinitário” tornou-se tão familiar que corremos o risco de cair na formalidade e na perda do sentido profundo de algo que é central para a nossa vida de fé. O batismo nos une profundamente à Trindade, fazendo-nos participar da filiação divina: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus… herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8,14). E ainda: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
A comunidade trinitária será sempre o nosso modelo e convite a vivermos a comunhão. Mesmo sabendo que nunca alcançaremos tamanha perfeição, perseguir esse ideal nos dá energia e força. Sei que esse modo de pensar pode ser de difícil compreensão, mas é parte constitutiva da revelação judaico-cristã. O nosso Deus é assim: “Três em Um”. Deus é AMOR!
É isso que somos chamados a viver e anunciar: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei” (Mt 28,16-20).
Que a contemplação deste amável Mistério nos abra sempre mais ao transcendente e que a consolação de sua presença seja nossa força para avançarmos juntos no caminho, como peregrinos da esperança. Que o Espírito Santo, dado a nós no Batismo e confirmado na Crisma com os seus sete dons, nos ajude a entender este grande mistério e a amá-lo de todo o coração.
Como costumamos invocá-lo: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório